Um legado ou uma jogada de marketing?

Candidato à Presidente do PV atraiu o interesse da juventude para a política e provou que é possível fazer uma eleição sem recursos de empresas

Por Vanessa Santos

Foto: Banco de imagens

Foto: Banco de imagens

Conhecido como o “Presidente da Zoeira”, pela sua personalidade cômica que sempre leva as plateias aos risos, Eduardo Jorge, candidato à Presidente da República do Partido Verde (PV), e defensor de temas polêmicos, como a legalização do aborto e a descriminalização da maconha, provou que é possível fazer uma eleição sem recursos de empresas e fazer com que a juventude se interessa mais pela política.

A opção de recusar qualquer tipo de financiamento empresarial e optar pelas redes sociais para divulgar a campanha política, foi uma opção do próprio Partido Verde, que quis deixar um legado que os diferenciasse dos outros candidatos. O legado da campanha foi atrair o interesse da juventude, que já estavam descrentes com as mazelas da democracia.

O auxiliar administrativo, Kevin Amaral, 21, de São Paulo, neste domingo votou no candidato Eduardo Jorge. “Gostei da ideia de ter um candidato da bandeira liberal envolvido no meio político que defende os mesmos interesses do que eu, como a legalização da união de pessoas do mesmo sexo,  do aborto e das drogas, por exemplo”, opina Amaral.

Apesar de ter sido “minoria” nas intenções dos votos com 0,61%, à forma aberta e sincera como o PV se relacionou despertou a vontade de participação dos jovens e aumentou a influência do PV na política nacional.

“Quem Paga Mais Leva”

Candidato Oculto, Publicidade hierarquizada

Por Bruna Eleís

Fonte: RD News

Fonte: RD News

“Ey, Ey, Eymael, um democrata cristão”… Se você pronunciou essa frase cantarolando, sabemos que o impacto desse jingle alcançou prosperidade publicitaria. Entretanto, você saberia informar quem é José Maria Eymael sem assimila-lo a campanha idealizada em 1983? Ou ter conhecimento de suas propostas e feitos?

Atualmente Eymael, cofundador do PSDC (Partido Social Democrata Cristão) concorre pela quarta vez à presidência da república, apresentando até 29 de agosto 0% das intenções de votos, de acordo com o Ibope, juntamente com Luciana Genro e Jorge Eduardo.

Entre as propostas apresentadas estão por Eymael, estão: “Promover o desenvolvimento econômico do país segundo critérios que tornem possível a realização da justiça social e a equilibrada distribuição, entre todos os brasileiros”, “apoio ao ensino profissionalizante” e o “Combate total ao tráfico de drogas”…

Na Assembleia Nacional do Constituinte, alcançou realizações como: Aviso “Prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias; proteção contra despedida sem justa causa mediante indenização compensatória sem prejuízo de outros direitos”, “redução de jornada de trabalho de quarenta e oito para quarenta e quatro horas semanais”…

Em um vídeo veiculado ao site do partido, Eymael tem como queixa principal a sua ausência no debate televiso que ocorreu no dia 26 de agosto, devido ao não consentimento de sua presença.  Sendo que candidatos com os mesmos índices de voto obtiveram o direito de expor seus argumentos.

Perante diversos jingles, slogans e merchandising, em um espaço de tempo limitado, políticos disputam a atenção do eleitor. A questão é que debates em TV aberta sejam veiculados de formas mais incisivas sem a hierarquização da popularidade e verba do candidato.

O pró ao marketing é o reconhecimento do eleitorado, o contra é à extinção da amostra pública do aprofundamento de ideais partidários com relação ao mesmo.

Por mais que haja mídias auxiliares, como as redes sociais e sites oficiais dos “partidos undergrounds”, os cidadãos que não possui acesso à internet tornam-se presas de um roteiro de publicidade atrativa e com maior número de exposição, o que os influenciam na hora do voto.

Pesquisas de intenção de voto surpreendem com o sobe e desce dos números

O comportamento dos presidenciáveis tem deixados os eleitores cada vez mais confusos quanto ao voto

Por Ana Rita Matos

Há menos de cinco dias para as eleições presidenciais, muitos brasileiros ainda não sabem em quem vão votar. Os debates que já aconteceram não têm esclarecido muito bem as propostas dos candidatos, e não é para menos. São 11 candidatos, mas somente sete participam dos debatem televisionados, se preocupando mais em denegrir a imagem um do outro, falar das falhas dos seus adversários e aliados e pouco interessados no que realmente importa o futuro do país. Com tantos candidatos, o eleitor é quem sai perdendo nessa corrida. Mal sabe como pesquisar, muitos falam e fazem promessas vazias.

A morte do então candidato do partido PSB Eduardo Campos, que morreu num acidente aéreo no dia 13 de agosto, trouxe muitas incertezas e alvoroço à corrida presidencial. A candidata à vice de Campos, Marina Silva, e o partido demoraram a se manifestar se ela assumiria ou não a candidatura de presidente.

Na primeira pesquisa divulgada pelo Ibope em 27 de agosto, depois que Marina declarou oficialmente candidata a presidência da república pelo PSB, a presidenta e candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT) aparecia com 34% das intenções de votos. Marina estava em segundo lugar com 29% e o candidato Aécio Neves (PSDB) com 19% dos votos. Pastor Everaldo (PSC) e Luciana Genro (PSol) detinham 1% das intenções. Brancos e nulos eram 7%.Na simulação do segundo turno entre Dilma e Aécio, ela o venceria com 41% dos votos contra 35%. A petista no entendo perderia se concorresse com a candidata Marina Silva. Dilma teria 36% e Marina 45%.

Adailton Ribeiro, funcionário público em São Paulo (SP) disse que pretende votar na candidata do PSB “Marina Silva, mas tem sido muito difícil escolher candidato assistindo apenas aos debates. É preciso mais, é preciso pesquisar sobre todos os candidatos. O problema é que poucos brasileiros foram ensinados a pensar e a questionar. Não nos dão educação de qualidade”.

Em meio a tantas oscilações nas pesquisas eleitorais a candidata Marina entra na reta final da corrida presidencial despencando a cada resultado, efeito do estilo de campanha adotada pelos candidatos que o PSDB e o PT. “Está muito difícil escolher um candidato à presidência. O que tenho percebido é que eles estão tão confusos quanto eu. Há todo momento mudam de opinião”, relatou Clarice Rios, auxiliar de escritório, que mora em Belo Horizonte (MG).

Alguns eleitores criticaram o comportamento de Marina Silva. Eles atribuem sua queda nas pesquisas ao fato dela não responder as acusações dos feitas contra ela. Seus supostos envolvimentos com corrupção na época em que era do Partido dos Trabalhadores (PT) e que ela acabaria com os programas sociais do atual governo. “Fico impressionada como há candidatos que fazem promessas sem o menor cabimento. Às vezes fico até sem esperança em nosso povo. Vejo que temos candidatos cada vez mais despreparados para comandar o país”, relatou a professora Elane Nascimento de Porto Seguro (BA).

O que resta aos brasileiros é avaliar minuciosamente os candidatos para fazer a melhor escolha. Além de levar em consideração dos debates e campanhas é importante que o eleitor conheça os planos de governo dos presidenciáveis. Eles estão disponíveis no site do Tribunal Superior Eleitoral – TSE.

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Levy Fidelix e a vitória da “minoria”

Após declarações homofóbicas, o candidato tem menos votos que Luciana Genro

Por Ingrid Vieira

Após as polêmicas declarações homofóbicas de Levy Fidelix (PRTB) no debate da Rede Record e o embate com Luciana Genro (PSOL), no último debate da Rede Globo, a resposta às declarações sobre os homossexuais foi dada nas urnas. Luciana Genro, que recebeu grande apoio de movimentos LGBT, principalmente nas redes sociais, teve mais de 1 milhão e 600 mil votos contra apenas 446 mil de Levy.

Em contrapartida, seu discurso deve ter atingido uma parte conservadora da população, que deve ter uma opinião parecida com a sua, pois comparando com as eleições de 2010, onde Levy teve apenas 58 mil votos, houve um crescimento considerável. Mesmo assim, Fidelix ficou entre os menos votados. Entre os chamados candidatos “nanicos”, ele teve menos votos que Pastor Everaldo (PSC) e Eduardo Jorge (PV), além da já citada Luciana Genro.

Pelo seu discurso no debate da Rede Record, Levy demonstrou ter uma posição homofóbica sobre os homossexuais com declarações como: “Vamos ter coragem, nós somos maioria. Vamos enfrentar essa minoria” e “E o mais importante é que esses que têm esses problemas realmente sejam atendidos no plano psicológico e afetivo, mas bem longe da gente. Bem longe mesmo que aqui não dá”. Hitler tinha um discurso parecido, ao declarar em seu livro “Minha Luta”: “Devemos todos reconhecer como essa decomposição da raça rebaixa os nossos últimos valores arianos, não só os desvaloriza, mas também freqüentemente os destrói”. Pode parecer exagero, porém a premissa nos dois casos é muito parecida. Levy só não falou em exterminar, como fez Hitler com os judeus, mas demonstrou seu interesse em isolar os homossexuais do restante da sociedade.

Levy Fidelix nunca teve grande relevância na política, sempre se candidatando a cargos públicos e jamais tendo vencido uma eleição. Porém declarações incitando o ódio partindo de um candidato à presidência em rede nacional é algo muito grave, ainda mais em um tempo em que nunca se falou tanto sobre os direitos dos homossexuais e a criminalização da homofobia, que tem feito cada vez mais vítimas no Brasil.

Apesar dos absurdos ditos, no fim das contas o saldo foi positivo, pois a “minoria” mostrou sua força nas urnas. Infelizmente, como tudo no Brasil, suas declarações acabaram em pizza. Luciana Genro sai fortalecida por suas propostas voltadas aos direitos civis dos LGBT e Fidelix cai no ostracismo novamente, até tentar algum cargo em 2016 ou aguardar por 2018.